segunda-feira, 8 de junho de 2009

p r é d i o s


Não devia estar surpreso quando hoje, naqueles pensamentos em forma de estalinho de festa junina, percebi que somos meros coadjuvantes. Os prédios nos usam. Quando achamos que apagamos e acendemos as luzes por conveniência ou necessidade, na verdade, somos só engrenagens de um processo de comunicação engenhoso. O vocabulário é mais vasto que o nosso. Cada palavra é formada por uma combinação de luzes acesas e luzes apagadas.

Durante o dia eles dormem. Acordam a noite cheios de vontade de contar os sonhos que tiveram. É aí que entramos na história. Logo no início da noite a conversa é agitada.

- Eu sonhei que vomitava todas as pessoas de dentro de mim e depois caía sobre elas suavemente. 

Durante a madrugada já estão todos mais calmos. A conversa é lenta. Nessa hora os prédios flertam. Sim, eles flertam. 

- Quando você acorda, aí do outro lado da rua, eu flutuo uns 7 andares ao te ver. 


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