sábado, 27 de junho de 2009


quem é infeliz, mente.
quem não é, infelizmente?

quinta-feira, 25 de junho de 2009


meu cobertor
se tivesse vida,
um urso amigo.

quarta-feira, 24 de junho de 2009


um vento entra
arruma meu cabelo
e sai sorrindo

segunda-feira, 22 de junho de 2009

filho


nasceu feio
nem inteiro
esse vazio e meio
tratei com saliva
doce, quente
e criativa
dormiu em meu peito
pronto
dito e feito
se apegou demais.

e agora
como recompensa
por cuidar do vazio
quero a presença.

quinta-feira, 18 de junho de 2009

contrata-se um designer


vem
desabotoar meu peito.
aqui dentro
um defeito.
faz crrr
truuuu
pffff
e pára.

vem
esticar meu riso.
estou usando
dentes de improviso.
fazem crrr
truuuu
pffff
e quebram.

não quero mais
obsolescência programada
de mim mesmo.

quarta-feira, 17 de junho de 2009

dúvida nº1


devo assobiar em que frequência pro vento me levar ao lugar que eu pertenço?

dúvida nº2

chegando lá, o que eu faço?

terça-feira, 16 de junho de 2009

cometa 86, te faço um pedido.


para cada tchau, quero dez ois.
cada antes, cem depois.
quero para o acaso, um sorriso.
e que o não, morra de narciso.

queria ser um quem
daqueles quais
alguém
não esquece (jamais).


domingo, 14 de junho de 2009

meu-ambiente


como se sentir bem
se olham pra você
mas não te veem?

sexta-feira, 12 de junho de 2009

susto


já criei laços
mas nunca dei um nó
às vezes, a mais firme pedra
é somente um punhado de pó

(2005)

quinta-feira, 11 de junho de 2009

do you?


i will make an amusement park
on your body
my fingers will play like children
with no parents
to control them

quarta-feira, 10 de junho de 2009

rima feita de ar


ar pouco
é sufoco,
mas respiro.
se eu
fosse seu,
seria suspiro.

vi meu reflexo transparente na janela.


- mas que brincadeira é essa?
- um quebra-cabeça
  de apenas uma peça?

terça-feira, 9 de junho de 2009

Uma moça chamada Mudança


- pise sobre meus pés, Mudança.
        - se eu tivesse medo,
               não te chamaria para a dança.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

p r é d i o s


Não devia estar surpreso quando hoje, naqueles pensamentos em forma de estalinho de festa junina, percebi que somos meros coadjuvantes. Os prédios nos usam. Quando achamos que apagamos e acendemos as luzes por conveniência ou necessidade, na verdade, somos só engrenagens de um processo de comunicação engenhoso. O vocabulário é mais vasto que o nosso. Cada palavra é formada por uma combinação de luzes acesas e luzes apagadas.

Durante o dia eles dormem. Acordam a noite cheios de vontade de contar os sonhos que tiveram. É aí que entramos na história. Logo no início da noite a conversa é agitada.

- Eu sonhei que vomitava todas as pessoas de dentro de mim e depois caía sobre elas suavemente. 

Durante a madrugada já estão todos mais calmos. A conversa é lenta. Nessa hora os prédios flertam. Sim, eles flertam. 

- Quando você acorda, aí do outro lado da rua, eu flutuo uns 7 andares ao te ver. 


com-sequência pra sempre


a consequência de um medo
devia ser apaixonante.
a consequência da segurança,
decepcionante.

se eu não enxergo,
eu mergulho fundo.
o que pode ser 
mais perigoso
que não correr perigo no mundo?

domingo, 7 de junho de 2009

feito máquina



abro meu peito
como um obturador
isso feito
alguns sentimentos
vou deixar,
pela eternidade,
em exposição.

conto desanimado


um homem, 
 de terno azul marinho, 
  andava pela calçada 
   de um rua qualquer, 
    quando, 
     do alto de um prédio azul, 
      que combinava com seu terno, 
       despencou uma bigorna, 
        caindo em cima desse homem,
         que, 
          como não era desenho animado, 
morreu.

pateta


Fingir gostar de alguém desconhecido é semi-patético. Mas o que esquenta mais do que uma imaginação boa, naquela hora antes do sono te morder?

a estrela e o estranho


a estrela:
"oi estranho"
o estranho:
"oi estranha"
a estrela:
"não sou estranha, sou estrela"
o estranho:
"não sou estranho, sou estrelo"

p. lemin ski


ele usava um bigode para proteger as palavras que saíam macias pela boca, como um vômito colorido.

sábado, 6 de junho de 2009

caixinha de madeira


in-visível é aquilo que só se vê por dentro?

amém


Ó misericordioso Deus
Canção de igreja?
Por favor
Me apedreja
Me prega numa cruz
Deixa comigo
Que eu salvo a humanidade
Mas tende piedade...

Cala essas carolas desafinadas.

fé falha


rezei 3 terços e não me senti 1 inteiro.

sexta-feira, 5 de junho de 2009

janelas


todas as paisagens
passam por uma janela
queria que uma só paisagem
estivesse em todas as janelas