domingo, 27 de dezembro de 2009

o calor de Blumenau


metade dos meus pensamentos
derreteram de madrugada.
e o pior, é que eu não estava
pensando em nada.

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

verso bobo nº4


parte I

o desenho infantil da tv
ensina valores que nunca vou ter
porque eu sou egoísta sim
quero todos os dentes do seu sorriso só pra mim

parte II

o desenho infantil da tv
ensina valores que nunca vou ter
porque eu sou possessivo, tudo é meu
quero todos os carinhos que tua mão já aprendeu


não sou poeta profundo.
toco carinhosamente
a superfície das coisas.

domingo, 1 de novembro de 2009


nesse calor,
um vento egoísta tenho que aturar.
ele se sopra pra dentro
pra se refrescar.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009


passadarar: vtv* 1. virar passado em forma de passarinho





*verbo transitivo voador

quinta-feira, 1 de outubro de 2009


Hoje de manhã,
abri os olhos
pra dentro de mim.
Vi que lá morava um universo.
Vi passando um cometa.
Fechei os olhos!
Não vou cometer a aventura de me explorar.
Quero que você cometa.

sábado, 5 de setembro de 2009

No terminal de ônibus


Acaricio um cachorro.
- Você não sabe por onde ele andou e vai fazendo carinho assim?
- Ele também não sabe por onde andei e não dá nem bola pra isso.

segunda-feira, 3 de agosto de 2009


queria
uma voz pequena
pra falar
assim
uma palavra
frágil
e ter algo
pra tomar conta.

quarta-feira, 29 de julho de 2009

verso bobo nº3


eu queria sonhar contigo.
dormindo, eu digo.

segunda-feira, 27 de julho de 2009


fico feliz
de não ter um caminho já traçado.
eu gosto é de desenhar.
se estivesse tudo ajeitado,
estaria, na verdade, tudo fora do lugar.



minha vida não é farsa.
minha vida é vento.
é tudo inventado.

domingo, 26 de julho de 2009


nuvem
nu vem.
vem
nuvem?
nu veio.
eu
nuveio,
vou nuvear.

Meu Quintal



Meu quintal é o mundo.
Sou o mais livre que eu consigo ser.

sexta-feira, 24 de julho de 2009

vida simples #1


tem uma coisa que eu descobri.
ninguém nunca me contou.
o rei também faz
cocô.


quinta-feira, 23 de julho de 2009

corrida de pingos


três pingos de chuva
na janela do quarto.
se o do meio vencer,
eu acordo.
se os dois da ponta,
eu sonho.

apareceu um quarto pingo.
venceu e disse:
"acorda pro sonho".


terça-feira, 21 de julho de 2009


vem um sentimento rolando,
mas
meu peito é uma máquina de pinball.

sexta-feira, 17 de julho de 2009


ela me parece
um adjetivo
que qualifica
muito bem
a textura de um algodão
a ternura de um vento
e a fervura de um chá.

e eu sou só
um sujeito oculto
ou um advérbio de modo,
infelizmente.

terça-feira, 14 de julho de 2009


conforto mesmo deve ser dormir com a cabeça sobre o próprio peito.

domingo, 12 de julho de 2009

minha coroa de rei


Quando eu era criança
sonhava histórias
que começavam pelo fim.
Se eu soubesse inglês,
seriam mais ou menos assim
"I would be a good king
If you were my queen."

nada e nado (inspirado por alice ruiz)


apaixonado
apaixocorro
apaixovoo
apaixoparo
e nada
nem apaixonada.



sábado, 11 de julho de 2009

verso bobo nº2


todo nariz gelado
deveria achar um pescoço, quente,
pra ser alugado.

O Mar e o Rio


Você é engraçada.
"Não consigo me apaixonar
somente por um.
É maior que o mar
meu coração."
Eu rio.

quinta-feira, 9 de julho de 2009

verso bobo nº1


se você desse o braço a torcer
torceria que fosse pra mim.


Ora, pra onde tanto vazio
pode querer escoar?

Onde cabem três mundos
é onde não quero estar.

Não quero espaço,
eu quero o aperto
de quase não caber.

Eu quero um toque,
de uma mão
que faz amortecer
pra abrir minhas portas, comportas
pra toda a água ter um fim.

Eu tenho um rio
morando dentro de mim.

terça-feira, 7 de julho de 2009


Minha casa tem jeitinhos. Empurra e sobe pra porta do quarto abrir e mostrar sua bagunça. Pro dia entrar na janela da sala, puxa pra dentro e empurra pro lado. Pra não fazer barulho entre um cômodo e outro, um passo mais curtona primeira mancha do chão e outro passão pra lá da mesinha. Tem hora certa para a cortina cobrir a planta e hora certa pra cortina sorrir e esquentar a cama.

Eu também tenho meus jeitinhos para abrir minhas portas, pra clarear o peito, aquietar os algodões da cabeça, proteger o sorriso e esquentar os carinhos ensaiados na mão. Mas não são jeitinhos fáceis de fazer sozinho.

segunda-feira, 6 de julho de 2009


Minha mãe me contou que quando ela estava grávida, com a barriga quase tendo gravidade própria, meu pai cavava um buraco na areia do Campeche, em Florianópolis, e ela podia deitar de barriga pra baixo. Não sei o que acontece comigo, sempre que eu lembro dela falando e imagino a cena, me vem um sentimento de conforto enorme. Não agora, mas o que eu devo ter sentido naquela época.

Meu novo objetivo de vida é me sentir tão confortável quanto nessa cena maternal.

O conforto é um sentimento abraçante. Ele é amigo de outros. O conforto é um sentimento completo.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

tratado para o peito


não queria fundar nada novo,
só queria me fundir de novo.

ou quem sabe...

não queria me fundir de novo,
só queria me fundar, um novo.

sábado, 27 de junho de 2009


quem é infeliz, mente.
quem não é, infelizmente?

quinta-feira, 25 de junho de 2009


meu cobertor
se tivesse vida,
um urso amigo.

quarta-feira, 24 de junho de 2009


um vento entra
arruma meu cabelo
e sai sorrindo

segunda-feira, 22 de junho de 2009

filho


nasceu feio
nem inteiro
esse vazio e meio
tratei com saliva
doce, quente
e criativa
dormiu em meu peito
pronto
dito e feito
se apegou demais.

e agora
como recompensa
por cuidar do vazio
quero a presença.

quinta-feira, 18 de junho de 2009

contrata-se um designer


vem
desabotoar meu peito.
aqui dentro
um defeito.
faz crrr
truuuu
pffff
e pára.

vem
esticar meu riso.
estou usando
dentes de improviso.
fazem crrr
truuuu
pffff
e quebram.

não quero mais
obsolescência programada
de mim mesmo.

quarta-feira, 17 de junho de 2009

dúvida nº1


devo assobiar em que frequência pro vento me levar ao lugar que eu pertenço?

dúvida nº2

chegando lá, o que eu faço?

terça-feira, 16 de junho de 2009

cometa 86, te faço um pedido.


para cada tchau, quero dez ois.
cada antes, cem depois.
quero para o acaso, um sorriso.
e que o não, morra de narciso.

queria ser um quem
daqueles quais
alguém
não esquece (jamais).


domingo, 14 de junho de 2009

meu-ambiente


como se sentir bem
se olham pra você
mas não te veem?

sexta-feira, 12 de junho de 2009

susto


já criei laços
mas nunca dei um nó
às vezes, a mais firme pedra
é somente um punhado de pó

(2005)

quinta-feira, 11 de junho de 2009

do you?


i will make an amusement park
on your body
my fingers will play like children
with no parents
to control them

quarta-feira, 10 de junho de 2009

rima feita de ar


ar pouco
é sufoco,
mas respiro.
se eu
fosse seu,
seria suspiro.

vi meu reflexo transparente na janela.


- mas que brincadeira é essa?
- um quebra-cabeça
  de apenas uma peça?

terça-feira, 9 de junho de 2009

Uma moça chamada Mudança


- pise sobre meus pés, Mudança.
        - se eu tivesse medo,
               não te chamaria para a dança.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

p r é d i o s


Não devia estar surpreso quando hoje, naqueles pensamentos em forma de estalinho de festa junina, percebi que somos meros coadjuvantes. Os prédios nos usam. Quando achamos que apagamos e acendemos as luzes por conveniência ou necessidade, na verdade, somos só engrenagens de um processo de comunicação engenhoso. O vocabulário é mais vasto que o nosso. Cada palavra é formada por uma combinação de luzes acesas e luzes apagadas.

Durante o dia eles dormem. Acordam a noite cheios de vontade de contar os sonhos que tiveram. É aí que entramos na história. Logo no início da noite a conversa é agitada.

- Eu sonhei que vomitava todas as pessoas de dentro de mim e depois caía sobre elas suavemente. 

Durante a madrugada já estão todos mais calmos. A conversa é lenta. Nessa hora os prédios flertam. Sim, eles flertam. 

- Quando você acorda, aí do outro lado da rua, eu flutuo uns 7 andares ao te ver. 


com-sequência pra sempre


a consequência de um medo
devia ser apaixonante.
a consequência da segurança,
decepcionante.

se eu não enxergo,
eu mergulho fundo.
o que pode ser 
mais perigoso
que não correr perigo no mundo?

domingo, 7 de junho de 2009

feito máquina



abro meu peito
como um obturador
isso feito
alguns sentimentos
vou deixar,
pela eternidade,
em exposição.

conto desanimado


um homem, 
 de terno azul marinho, 
  andava pela calçada 
   de um rua qualquer, 
    quando, 
     do alto de um prédio azul, 
      que combinava com seu terno, 
       despencou uma bigorna, 
        caindo em cima desse homem,
         que, 
          como não era desenho animado, 
morreu.

pateta


Fingir gostar de alguém desconhecido é semi-patético. Mas o que esquenta mais do que uma imaginação boa, naquela hora antes do sono te morder?

a estrela e o estranho


a estrela:
"oi estranho"
o estranho:
"oi estranha"
a estrela:
"não sou estranha, sou estrela"
o estranho:
"não sou estranho, sou estrelo"

p. lemin ski


ele usava um bigode para proteger as palavras que saíam macias pela boca, como um vômito colorido.

sábado, 6 de junho de 2009

caixinha de madeira


in-visível é aquilo que só se vê por dentro?

amém


Ó misericordioso Deus
Canção de igreja?
Por favor
Me apedreja
Me prega numa cruz
Deixa comigo
Que eu salvo a humanidade
Mas tende piedade...

Cala essas carolas desafinadas.

fé falha


rezei 3 terços e não me senti 1 inteiro.

sexta-feira, 5 de junho de 2009

janelas


todas as paisagens
passam por uma janela
queria que uma só paisagem
estivesse em todas as janelas