quarta-feira, 29 de julho de 2009

verso bobo nº3


eu queria sonhar contigo.
dormindo, eu digo.

segunda-feira, 27 de julho de 2009


fico feliz
de não ter um caminho já traçado.
eu gosto é de desenhar.
se estivesse tudo ajeitado,
estaria, na verdade, tudo fora do lugar.



minha vida não é farsa.
minha vida é vento.
é tudo inventado.

domingo, 26 de julho de 2009


nuvem
nu vem.
vem
nuvem?
nu veio.
eu
nuveio,
vou nuvear.

Meu Quintal



Meu quintal é o mundo.
Sou o mais livre que eu consigo ser.

sexta-feira, 24 de julho de 2009

vida simples #1


tem uma coisa que eu descobri.
ninguém nunca me contou.
o rei também faz
cocô.


quinta-feira, 23 de julho de 2009

corrida de pingos


três pingos de chuva
na janela do quarto.
se o do meio vencer,
eu acordo.
se os dois da ponta,
eu sonho.

apareceu um quarto pingo.
venceu e disse:
"acorda pro sonho".


terça-feira, 21 de julho de 2009


vem um sentimento rolando,
mas
meu peito é uma máquina de pinball.

sexta-feira, 17 de julho de 2009


ela me parece
um adjetivo
que qualifica
muito bem
a textura de um algodão
a ternura de um vento
e a fervura de um chá.

e eu sou só
um sujeito oculto
ou um advérbio de modo,
infelizmente.

terça-feira, 14 de julho de 2009


conforto mesmo deve ser dormir com a cabeça sobre o próprio peito.

domingo, 12 de julho de 2009

minha coroa de rei


Quando eu era criança
sonhava histórias
que começavam pelo fim.
Se eu soubesse inglês,
seriam mais ou menos assim
"I would be a good king
If you were my queen."

nada e nado (inspirado por alice ruiz)


apaixonado
apaixocorro
apaixovoo
apaixoparo
e nada
nem apaixonada.



sábado, 11 de julho de 2009

verso bobo nº2


todo nariz gelado
deveria achar um pescoço, quente,
pra ser alugado.

O Mar e o Rio


Você é engraçada.
"Não consigo me apaixonar
somente por um.
É maior que o mar
meu coração."
Eu rio.

quinta-feira, 9 de julho de 2009

verso bobo nº1


se você desse o braço a torcer
torceria que fosse pra mim.


Ora, pra onde tanto vazio
pode querer escoar?

Onde cabem três mundos
é onde não quero estar.

Não quero espaço,
eu quero o aperto
de quase não caber.

Eu quero um toque,
de uma mão
que faz amortecer
pra abrir minhas portas, comportas
pra toda a água ter um fim.

Eu tenho um rio
morando dentro de mim.

terça-feira, 7 de julho de 2009


Minha casa tem jeitinhos. Empurra e sobe pra porta do quarto abrir e mostrar sua bagunça. Pro dia entrar na janela da sala, puxa pra dentro e empurra pro lado. Pra não fazer barulho entre um cômodo e outro, um passo mais curtona primeira mancha do chão e outro passão pra lá da mesinha. Tem hora certa para a cortina cobrir a planta e hora certa pra cortina sorrir e esquentar a cama.

Eu também tenho meus jeitinhos para abrir minhas portas, pra clarear o peito, aquietar os algodões da cabeça, proteger o sorriso e esquentar os carinhos ensaiados na mão. Mas não são jeitinhos fáceis de fazer sozinho.

segunda-feira, 6 de julho de 2009


Minha mãe me contou que quando ela estava grávida, com a barriga quase tendo gravidade própria, meu pai cavava um buraco na areia do Campeche, em Florianópolis, e ela podia deitar de barriga pra baixo. Não sei o que acontece comigo, sempre que eu lembro dela falando e imagino a cena, me vem um sentimento de conforto enorme. Não agora, mas o que eu devo ter sentido naquela época.

Meu novo objetivo de vida é me sentir tão confortável quanto nessa cena maternal.

O conforto é um sentimento abraçante. Ele é amigo de outros. O conforto é um sentimento completo.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

tratado para o peito


não queria fundar nada novo,
só queria me fundir de novo.

ou quem sabe...

não queria me fundir de novo,
só queria me fundar, um novo.